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Vacina experimental contra o câncer é aposta da Rússia em tratamento inovador

O efeito do tratamento pode variar entre a redução do ritmo de crescimento dos tumores e, em alguns casos, a destruição completa das células cancerígenas.
Vacina experimental contra o câncer é aposta da Rússia em tratamento inovador
Foto de ARMMY PICCA via Adobe Stock

A Rússia deu início aos primeiros testes clínicos de uma vacina experimental contra o câncer, chamada EnteroMix. O anúncio foi feito por Andrei Kaprin, oncologista-chefe do Ministério da Saúde da Rússia, durante o 28º Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, um dos eventos mais relevantes do país no campo da inovação e da medicina.

Kaprin, que também é diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa Radiológica Médica (NMRRC), informou que seu instituto foi o primeiro autorizado a conduzir o ensaio clínico de fase 1, aberto e unicêntrico da vacina.

Segundo o especialista, o estudo já conta com 48 voluntários participando da pesquisa, e os primeiros resultados apontam que o efeito tóxico da vacina é “muito leve”, o que abre espaço para avanços mais rápidos nas próximas fases.

Ainda no final de 2024, o NMRRC havia divulgado a convocação oficial de pacientes para os ensaios, destacando que o estudo se destina a homens e mulheres com idades entre 18 e 75 anos. Um dos critérios essenciais é que os participantes tenham tumores sólidos confirmados por diagnóstico histológico e que não tenham obtido sucesso com cirurgias ou tratamentos convencionais. O foco é justamente oferecer uma nova possibilidade terapêutica para pacientes em condições clínicas limitadas.

Como age a vacina contra o câncer desenvolvida na Rússia

A EnteroMix utiliza vírus oncolíticos, especialmente enterovírus, modificados para não atacar células saudáveis. A proposta é que esses vírus sejam direcionados exclusivamente às células cancerígenas, onde eles conseguem se replicar e destruir os tumores, além de estimular o sistema imunológico a atuar com mais eficiência contra a doença.

De acordo com o NMRRC, a vacina é formada por uma combinação de quatro vírus não patogênicos, capazes de promover tanto a destruição das células malignas quanto o fortalecimento da resposta imunológica antitumoral. O efeito do tratamento pode variar entre a redução do ritmo de crescimento dos tumores e, em alguns casos, a destruição completa das células cancerígenas.

Rússia também aposta em vacina de mRNA contra o câncer

Além do estudo com vírus oncolíticos, o país avança em outra frente promissora: o desenvolvimento de uma vacina contra o câncer baseada em tecnologia de mRNA, semelhante às vacinas que tiveram grande impacto no combate à Covid-19.

O projeto está sendo conduzido por especialistas da Universidade de Ciência e Tecnologia Sirius e pelo Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, que também esteve à frente da vacina Sputnik V. A proposta é criar um medicamento capaz de treinar o sistema imunológico para reconhecer e atacar células tumorais com maior precisão. Neste momento, a vacina de mRNA está em fase de testes em modelos animais, segundo informações divulgadas pelas instituições russas no Fórum Econômico.

Pesquisas complementares reforçam novas abordagens contra o câncer

O combate ao câncer tem recebido reforços de diferentes linhas de pesquisa no mundo. Uma delas, analisada recentemente no Portal N10, revelou que o gengibre pode enfraquecer tumores e aumentar a eficácia dos tratamentos tradicionais contra o câncer. O estudo indicou que compostos bioativos da planta podem atuar como aliados para potencializar o efeito de medicamentos já utilizados, abrindo espaço para futuras combinações terapêuticas mais eficientes e menos agressivas.

Enquanto essas novas estratégias são investigadas, o início dos testes clínicos da EnteroMix representa um avanço relevante no desenvolvimento de vacinas personalizadas contra o câncer, especialmente no cenário de pacientes que esgotaram as opções tradicionais de tratamento.

A expectativa da comunidade científica é que os ensaios na Rússia possam oferecer, nos próximos anos, mais uma alternativa inovadora e segura para o enfrentamento de uma das doenças mais desafiadoras da medicina moderna.

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