A realização de uma cirurgia bariátrica no Hospital Vila Santa Catarina, na zona sul, no início deste mês, se transformou em um marco na capital paulista. Foi a primeira a ser realizada por um robô, equipamento que passa a fazer parte da estrutura de alta complexidade desta unidade hospitalar municipal.

O equipamento foi doado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que comanda toda a gestão do hospital municipal. O robô está instalado no Centro de Alta Tecnologia de Diagnóstico e Intervenção Oncológica Bruno Covas, inaugurado nesta segunda-feira (16) dentro do hospital da zona sul. O custo do aparelho é de aproximadamente R$ 7 milhões.

O objetivo, segundo a gestão, é aplicar a tecnologia robótica em cirurgias oncológicas, como câncer de ovário, intestino, cólon, fígado, pâncreas e reto, e outras especialidades para ampliar os benefícios do método aos pacientes do sistema público de saúde.

“A população se beneficia com tratamento de excelência numa área onde talvez seja o grande desafio na humanidade. Um número gigante de pacientes ainda vai desenvolver câncer por causa de longevidade”, diz o gestor do Einstein.

FILA DE 600 MIL PESSOAS NO ESTADO E CUSTO DIFÍCIL PARA O SUS
No dia 9 deste mês, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) disse que o estado conta com uma fila de aproximadamente 600 mil pessoas a espera de uma cirurgia. O volume cresceu durante a pandemia. Para o cirurgião Sidney Klajner, a identificação precoce do tumor é essencial para combater essa demanda.

“Ao aguardar um atendimento, os pacientes acabam perdendo o que a gente chama de ‘golden time’, a hora de ouro, onde o tratamento acaba tendo resultados melhores e custo muito menor.”

Para a pesquisadora em saúde pública da Fiocruz Brasília Flávia Tavares Silva Elias, PhD em avaliação de tecnologias e de programas de saúde, o avanço tecnológico é sempre útil, mas é preciso ponderar a viabilidade financeira para que isso possa chegar mais facilidade à sociedade.

“É uma inovação útil, mas tem que pensar no custo e efetividade disso para o setor público. A gente já tem dificuldade de ter a cirurgia de laparoscopia usual no SUS por conta do preço das pinças”, diz Flávia.

Além disso, segundo a pesquisadora, tem que haver o aprendizado do cirurgião para o uso de robótica. “Não tem que ver apenas se funciona. Tem que ver o custo, comparado com com algo que já está incorporado.”

Flávia também entende que há um atraso na inovação tecnológica no país por causa da falta de investimentos no setor.

“Existe uma discrepância muito grande entre o sistema público e o privado. A politica de ciência e tecnologia no Brasil teve uma perda de recursos incomensurável. Com isso não vejo uma perspectiva de o Brasil ser tão inovador assim. Se fosse, estaria investindo em pesquisas de desenvolvimento do próprio pais.”

Fonte: Folha de São Paulo

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