Bolsonaro decretou:

* Não existe corrupção no governo;

* O Centrão e a velha política acabaram;

* Armas para os cidadãos garantem a democracia e a soberania nacional;

* Livre expressão é o direito de dizer qualquer coisa sem provas;

* Quem pede a volta do Ato Institucional nº 5 é maluco, mas pode pedir;

* E o juiz que julga também merece ser julgado.

No ano passado, Bolsonaro pediu a abertura de um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O pedido sequer foi examinado pelo Senado.

Ontem à noite, ele entrou com uma ação no Supremo em que acusa Moraes de abuso de autoridade “por sucessivos ataques à democracia e desrespeito à Constituição”.

Bolsonaro não espera que o Supremo lhe dê razão, sabe que não dará. O que ele quer é fazer barulho e esticar a corda com o ministro que presidirá as eleições de outubro próximo.
Seu ideal de consumo é polarizar nas urnas com Lula, e se possível derrotá-lo. E polarizar na Justiça com Moraes, na tentativa de desacreditar possíveis decisões dele que o prejudiquem.

A ação, assinada por Bolsonaro, e não pela Advocacia-Geral da União, órgão de assessoramento jurídico do Poder Executivo Federal, ampara-se em cinco razões. A saber:

* Seria “injustificada a investigação” de Bolsonaro “no Inquérito das Fake News, quer pelo seu exagerado prazo, quer pela ausência de fato ilícito”;

* Moraes não permite “que a defesa tenha acesso aos autos”;

* O “Inquérito das Fake News não respeita o contraditório”;

* Moraes teria decretado, contra investigados, medidas não previstas no Código de Processo Penal, contrariando o Marco Civil da Internet;

* Após a Polícia Federal ter concluído que o presidente da República, em suas declarações sobre as urnas eletrônicas, não teria cometido crime algum, Moraes “insiste em mantê-lo como investigado”.

O inquérito e o modo como Moraes o conduz já foram referendados pelo Supremo. O mercado financeiro já precificou as novas crises que Bolsonaro venha a detonar até outubro.

Até mesmo eleitores de Bolsonaro (68%) dizem que ele deve respeitar o resultado das urnas, segundo pesquisa Genial/Quaest aplicada este mês entre os dias 5 e 8.

No conjunto do eleitorado, 85% acreditam que ele deve “aceitar a derrota”. Entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, o percentual chega a 91%. Entre os que têm mais de 60 anos, ele cai para 78%.

Mas Bolsonaro segue peregrinando pelo país a estimular seus devotos a pegarem em armas “em defesa da democracia”. Dito com outras palavras: em defesa da reeleição dele.

É uma mensagem golpista. Nada tem a ver apenas com abuso de autoridade. Bolsonaro bate palmas para os malucos e espera que eles dancem. Ao final, quem dançará será ele.

Fonte: Metrópoles

By admin

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *